Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  África 2016

Tour de moto: Botswana I

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11/07
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Segunda-feira
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Pretoria - Tuli Blok (BW)

Pronto, hoje começou o que vai ser nossa 'tortura' pelos próximos 22-23 dias: acordar lá pelas 6h45 para estarmos prontos para partir em torno das 8h00. Já havíamos deixado tudo pronto na noite anterior, de modo que foi só nos vestirmos e tomar café. Estamos em três motos, o casal australiano, nós e Jonathan como nosso guia. Além disso Storm, a noiva do Jonathan, nos acompanha de carro com as bagagens e uma carreta para colocar a moto do Jonathan, que voltará no carro com ela. Eles nos acompanharão até a fronteira de Zâmbia, onde nos reuniremos com o grupo que vem vindo de Cape Town.

Todos foram absolutamente pontuais (Jonathan havia dito que chegaria às 7h45) e pouco depois das 8h00 estávamos partindo. A temperatura era de uns 8 graus, mas estávamos bem agasalhados e não sentimos frio em nenhum momento. A viagem começou muito tranquila, em estrada pedagiada de pista dupla, mas logo tivemos um pequeno incidente: furou o pneu traseiro da moto do Bruce/Rachel. E nesse momento vem as pequenas vantagens de se pagar por um tour: quem conserta o pneu? O guia, claro! Só ficamos olhando e esperando Jonathan terminar. Alías nessa parada já removemos uma camada de roupas, pois o sol já estava aquecendo bem.

Seguimos por mais uma hora e paramos num posto para tomar um café (levando no carro pela Storm) e calibrar melhor o pneu da moto do Bruce. Aí já não estávamos mais na estrada de duas pistas, mas continuava uma estrada de boa qualidade só que agora atravessando cidades, o que reduziu um pouco o ritmo. E ao longo dessa estrada já voltamos ao tema da região: vimos antílopes em grande quantidade, javalis, uma criação de avestruzes e outros considerados domésticos - pelo que entendemos até aqui, qualquer animal que seja cuidado pelo homem é doméstico.

Paramos para almoçar no restaurante de um logde, já relativamente perto do destino: faltavam uns 100 km. Essa parada acabou sendo bem mais longa do que gostamos de fazer, mas é o ônus de se viajar em grupo. Mas era um lugar agradável e os pratos rápidos oferecidos eram saborosos.

Dali foi tocar para a fronteira e fazer a tramitação de saída da África do Sul e entrada em Botswana. Uma coisa que parece comum por esses lados é o gate pass (passe de portão): quando se entra na zona de aduana do país (saída ou entrada), ganha-se um papel com a placa do veículo escrita, que tem que ser carimbado na imigração (controle de passaporte) e pela alfândega. Ao saír em direção à aduana de entrada do outro país ou da própria aduana de entrada do país esse papel é recolhido pelo guarda no portão.

Acontece que volta e meia (já havia acontecido na Suazilândia e de novo aqui) a gente entra na área sem receber o tal passe, geralmente porque a pessoa que devia entregá-lo está ocupada com um caminhão ou está tão bem escondida na guarita que a gente passa sem ver que ali tem que se pegar o passe. E aí no guichê que devia carimbar o passe simplesmente nos entregam um, pedindo que coloquemos os dados do veículo e o carimbam adequadamente. Fica meio difícil entender a importância do tal passe.

Outra novidade para nós americanos (náo existe isso no continente americano) é o carnet de passages. O nome é francês, e por alguma razão até hoje é designado nessa língua. Na maioria dos países, também na América Latina, existe a preocupação de que talvez você venda o veículo depois de entrar - os controles de licenciamento devem ser tão fracos que se consegue manter um veículo importado ilegalmente sem grandes dificuldades. Em alguns, como no México, você tem que fazer um depósito que é devolvido quando você deixa o país - é a forma que eles encontraram para desestimular essas vendas.

Aqui adquire-se uma espécie de seguro, que atua como uma garantia de que você retornará com o veículo para o país de origem. Portanto, a partir de agora temos que carregar esse papel conosco até a Tanzânia para poder entrar e sair dos países visitados. Ele vale a partir de Zâmbia, em Botswana ele não foi usado.

O lodge onde pernoitaremos fica a menos de um quilômetro da fronteira, e nos instalamos mais ou menos às 16h00. Vamos ver como será o fim de dia e a noite: os chalés têm frestas de ventilação que não podem ser fechadas, e temos seríssimas dúvidas se o ar condicionado conseguirá aquecer o quarto. E o jantar será num restaurante em forma de deck, completamente aberto, com vento leve e temperatura de no máximo 15 graus. Receamos que não será um jantar dos mais confortáveis.

Infelizmente o receio se justificou. Só não foi um desastre porque a Rachel conseguiu que movessem a mesa para a parte coberta do bar/restaurante, onde havia uma lareira. Não é uma solução completa, porque o lado do corpo voltado para o fogo aquece mas o outro lado continua exposto ao frio, mas foi melhor que lá fora. O buffet era relativamente simples mas bem feito.

E dormir foi também como temíamos: o quarto era uma geladeira, e não dava para deixar o ar condicionado ligado porque ele jogava o ar quente diretamente sobre nós - aí também ficávamos logo no extremo oposto.


12/07
/201
6
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Terça-feira
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Tuli Blok - Nata

Depois de conseguirmos sair das cobertas quentinhas e nos vestir, fomos enfrentar o café da manhã no mesmo restaurante gelado de ontem, mas dessa vez sem lareira. O café da manhã foi muito fraco (incluindo o próprio café) e acabou atrasando ligeiramente nossos planos, porque as coisas não estavam prontas quando chegamos. Definitivamente um hotel abaixo do padrão que esperávamos da organização do tour.

Mas partimos com só uns 10-15 minutos de atraso, com temperatura similar à de ontem, para o primeiro dia de estrada em Botswana. Estrada boa, no padrão que já conhecíamos da África do Sul: pista simples, pouco movimento, pavimentação boa, com poucos buracos e limite de velocidade de 120 km/h. Até agora essa velocidade parece ser o valor de referência.. Mas com uma diferença significativa para o ritmo de viagem: animais domésticos (no sentido que já mencionamos antes) em profusão na beira da estrada: vacas, cabritos e jumentos.A quantidade de jumentos surpreendeu, mas tivemos oportunidade de entender o que eles fazem por aqui: eles são usados como animais de tração, ao invés de cavalos.

Jonathan é muito cuidadoso e atento: mesmo para um único animal, que às vezes a gente até se perguntava como ele consegue ver, ele acende o pisca-alerta e reduz a velocidade para 60 km/h. Como ele explicou, é razoávelmente fácil avaliar o risco: se o animal está de cabeça abaixada, pastando, provavelmente não saíra da sua posição. Se, porém, levantar a cabeça e começar a olhar para os lados, cuidado: ele pode disparar em qualquer direção. E realmente houve algumas ocasiões em que foi possivel observar claramente esse comportamento, em duas ou três delas tendo que efetivamente tomar cuidado porque eles partiam para a estrada.

O percurso atravessa a cidade de Francistown, segunda maior cidade de Botswana, onde abastecemos e almoçamos. Jonathan escolheu um Wimpy, o que de início nos pareceu estranho: não somos frequentadores de fast-foods de hamburger, nem no Brasil nem nos EUA, mas para nós era só isso que o Wimpy era. Não sabemos se nos EUA é diferente, mas aqui eles oferecem um cardápio muito variado, incluindo saladas, pratos quentes à base de frango ou carne em uma grande variedade de sanduíches além dos tradicionais hamburgueres. Acabou se mostrando uma escolha bem satisfatória, com opções para todo mundo e serviço rápido para não atrasar a jornada.

Em Francistown já havíamos cumprido aproximadamente dois terços do 445 km. previstos para hoje, de modo que a segunda metade da jornada seria mais curta. Jonathan queria chegar no máximo até 15h00 em Nata, pois ainda havia um passeio no salar de Magadikgadi (eita nomezinhos complicados!) previsto para o fim da tarde. Mesmo assim, aproximadamente a cada hora de viagem ele fazia uma parada, mesmo que apenas por cinco minutos, para um pequeno alongamento. Realmente muito cuidadoso e atento as necessidades dos viajantes.

Chegamos ao lodge às 15h00, o que deu tempo de nos instalarmos no quarto e trocar de roupa para o passeio ao salar. Magadikgadi é considerado o maior salar do mundo, com 16.000 km2, mas ele é composto por um grande número de lagoas intercaladas com trechos de vegetação, principalmente rasteira. Se tomarmos como referência a superfície da maior lagoa, Uyiuni na Bolívia é bem maior: 10.582 km2 contra 5.000 km2. Além disso há uma diferença clara na lámina de água: Uyuni tem uma camada bem rasa de água em quase toda sua superfície, enquanto Magadikgadi é bem mais fundo (chegando a 20-30 cm.), formando uma lagoa de verdade.

O que torna o passeio interessante, mais uma vez, são os animais. Nessa época do ano até que não são muitos, porque os flamingos e pelicanos que são a grande atração do local só aparecem no verão, em seu ciclo de reprodução. Mesmo assim graças ao conhecimento de nosso motorista/guia, vimos bastante coisa, principalmente aves. Uma demonstração de conhecimento e visão apurada impressionante foi ele nos levar até um rebanho de uns 30 bois e vacas, e nós tentando entender o que havia ali de excepcional para ser visto. Pois havia: junto dos bovinos havia um gnu! Fica aquela dúvida: esse gnu vive junto com as vacas e bois ou o guia tem olhos de águia?

A parte final do passeio foi esperar pelo magnifico por do sol, espera essa que chegou a quase meia hora. Poderíamos muito bem ter saído às 16h00. E a volta acabou sendo bem fria: já com a noite chegando e sem uma manta para proteger do vento, passamos bastante frio no jipe/caminhão aberto como são os veículos usados para esses passeios.

Na volta do hotel já era hora de jantar, bastante saboroso e bem montado. Essa estadia foi muito superior à da noite anterior, ainda que o quarto estivesse um pouco frio: havia alguma coisa errada com o ar condicionado, que não dava conta de aquecer adequadamente. Foi um dia muito longo e cansativo, e depois do jantar tomamos um banho e fomos dormir.

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