Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  Américas 2011: Belize - México

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13/06/2011 - Segunda-Feira: Ladyville - Bacalar (MX)

Esta deverá ser a página mais curta de toda a viagem - nossa passagem por Belize foi tão rápida que nem abastecemos nesse país. Aliás, foi o segundo país onde isso aconteceu: também atravessamos a Nicarágua sem abastecer.

Mas vamos aproveitar para tecer uma série de comentários que sempre esquecíamos de incluir nas páginas anteriores. Uma característica que vem desde a Venezuela e é bastante curiosa: desde que saímos do Brasil não vimos mais janelas com venezianas ou qualquer outro tipo de fechamento além do vidro. Quem quiser escurecer seu quarto de dormir que trate de instalar cortinas corta-luz, é a única solução. Aliás, em muitos hotéis tivemos esse problema: claridade em excesso.

Outra coisa impressionante até a Guatemala (depois ameniza) é o assédio dos taxistas a passageiros em potencial (ou não). Eles diminuem e buzinam, de uma forma que não é mais uma pergunta se se quer um taxi, mas sim um oferecimento com sabor de assédio. O cúmulo que vimos foi um motorista buzinando insistentemente para duas turistas que estavam simplesmente passeando e admirando a cidade - certamente a última coisa que passava pela cabeça delas era tomar um taxi. Esse fenômeno chega a incomodar fortemente na Venezuela e Colômbia, daí para o norte fica menos agressivo.

Bom, voltando à viagem propriamente dita: saímos de Ladyville sem nada mais importante para relatar, e depois de uma hora e meia constatamos que havíamos cometido um erro no dia anterior: se o objetivo é cruzar Belize mas sem fazer as duas fronteiras no mesmo dia, vá pelo menos até Corozal: é uma cidade costeira que, apesar de não ter praias que interessem, pelo menos tem infra-estrutura hoteleira e uma avenida costeira que a tornam muito agradável - Ladyville não oferece absolutamente nada! E como dissemos são apenas mais noventa minutos de viagem, que podem ser reduzidos ainda mais pois há uma estrada interligando a rodovia que vem da fronteira da Guatemala com a que vai para o México, e que encurta ainda mais o caminho.

Chegando à fronteira descobrimos que Belize é daqueles países que te recebem com um sorriso e deixam a mordida para a partida: tivemos que pagar US$ 15,00 cada um como taxa de saída. Então tá! Vamos para o México.

Mais uma fronteira molhada: atravessa-se uma ponte e do outro lado está o México. Os procedimentos de entrada são bastante tranquilos, com algumas peculiaridades: primeiro você recebe, junto com o visto, um papelucho dizendo que é necessário pagar M$ 262,00. Porém, segundo o oficial da imigração, na saída do país será decidido se devemos pagar ou não. Coisa mais estranha! Agora vamos passar duas semanas ou mais tentando descobrir porque não haveríamos de pagar - afinal não temos a menor idéia de qual seria o critério que nos isenta desse pagamento.

O outro detalhe é que para fazer a importação temporária da moto é preciso deixar um depósito a título de multa para o caso de não sair do país com ela até a data concedida na entrada. Esse depósito será devolvido na saída do país. Originalmente esse procedimento só era necessário para quem não tivesse cartão de crédito, quem tivesse passava o cartão como se faz na entrada em hotéis americanos, para estabelecer o crédito para despesas além das diárias. Agora todo mundo tem que fazer o depósito, desde o dia 11/06/2011 - exatamente dois dias antes de entrarmos no México. Azar nosso!

E a forma de fazer o depósito pode ser em dinheiro, no nosso caso US$ 400,00 (varia com a idade da moto) que receberíamos na saída do país. A outra alternativa é pagar o depósito com cartão de crédito (que fizemos) e na saída do país o depósito é creditado na conta do cartão. Essa opção é mais emocionante, já que se sairá do México sem ter absoluta certeza de que o dinheiro voltará para a conta do cartão. E além disso é uma aposta com o câmbio: os U$ 400,00 são convertidos em pesos mexicanos na entrada, e esse valor em pesos é o debitado e também será o creditado. Dependendo de variações cambiais isso pode resultar em menos ou mais de US$ 400,00. Isso sem contar as variações cambiais R$ x US$. Veremos...

E uma coisa curiosa que aconteceu: no guia Lonely Planet há uma frase que até agora não entendemos bem: "tenha um dólar de Belize no bolso, alguém pode pedí-lo." Nós saímos de Belize com um dólar deles; nada a ver com a frase do Lonely Planet. Na fronteira mexicana tivemos que fazer uma cópia do visto para o trâmite aduaneiro da moto, e ainda não havíamos comprado pesos mexicanos. Pois lá se foi o dólar belizenho para pagar essa cópia.
Finalizados os trâmites na fronteira tocamos para Bacalar onde iríamos passar a noite. Primeiro choque: estrada igual às melhores brasileiras, pista dupla, bem sinalizada, algo que não víamos há um bom tempo. Em meia hora estávamos em Bacalar, e aí perdemos muito tempo para definir o hotel, pois o turismo ali é peculiar. Não há praias, o atrativo do lugar é a beleza deslumbrante da Laguna Bacalar. E essa beleza não se apresenta em toda a laguna, há pontos muito mais bonitos que outros.

Não querendo gastar muito em hotéis optamos por não ir ao hotel indicado por um contato no México.

Nem chegamos a ver esse hotel, mas suspeitamos que foi um erro não termos pelo menos avaliado: esse hotel, apesar de caro, fica numa localização privilegiada da laguna, e permite aproveitar de maneira integral o que ela oferece. Se alguém for para lá não deixe de pelo menos avaliar o www.akalki.com.

Como pretendíamos apenas pernoitar e seguir viagem no dia seguinte procuramos uma pousada bem simples. O problema é que ela ficava numa parte da lagoa que não era verde como outras, pois havia muitas algas crescendo na água ali. E cometemos outro erro que recomendamos insistentemente que ninguém cometa: o quarto era bastante curioso, com janelas e todas as paredes e um ventinho bem gostoso que parecia poder substituir o ar condicionado. Bem, realmente não passamos calor à noite, o ventilador foi mais que suficiente. Mas não adianta: a umidade do ar é tão grande que se acaba com a pele toda pegajosa, mesmo sem passar calor. Nessa região não economizem: peguem sempre quartos com ar condicionado.

Mas o fim do dia foi gostoso: comemos num restaurante da praça principal da cidade, onde também achamos um caixa eletrônico para nos abastecermos de pesos mexicanos. Foi nosso primeiro contato com a comida mexicana, e deixando de lado a quantidade - pedimos uma salada e duas entradas e vieram três pratos 'completos' - não tivemos nenhum problema com o sabor ou tempero. E o fim da tarde e início da noite curtimos sentados no gramado do hotel, à beira do lago, até que fomos obrigados a deixar o território para os bichinhos, alados ou não, que insistiam em nos picar.
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