Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  África 2016

África do Sul - Western Cape II

Próxima página
Próxima página
27
/0
6
/201
6
-
Segunda-feira
:
Cape Town - Mossel Bay

Hoje foi mais um dia de viagem. A África do Sul não é um Brasil em tamanho, mas é grande mesmo assim. Mesmo com os trechos aéreos que incluímos para fazer alguns dos deslocamentos mais longos, com o tempo de que dispomos os trechos diários de viagem nunca são menores que 300 km., e a média de velocidade não é das melhores. Então nos dias de viagem sobra relativamente pouco tempo para fazer mais alguma coisa. Ah, claro, tudo isso é agravado pelo nosso costume de nunca acordar antes das 8h00, resultando numa saída do hotel lá pelas 10h00.

O trecho, ou melhor a parada foi escolhida para termos a oportunidade de visitar o Museu Dias, em honra a Bartolomeu Dias, descobridor da passagem para as Índias pelo sul da África.

A viagem não teve nada demais, e foi um pouco atrapalhada pelo tempo chuvoso. Mas foi tranquila. A estrada é quase toda em pista simples, com bastante terceiras faixas para ultrapassagem. Mas essas terceiras faixas nem são tão necessárias, pois a estrada tem um acostamento que é quase da mesma largura  que a faixa de rodagem propriamente dita, e todos os veículos lentos vão para esse acostamento para dar passagem aos mais rápidos.

E aqui há um protocolo seguido de forma bastante rígida: após a ultrapassagem o carro que passou usa o pisca-alerta para dar duas-três piscadas de agradecimento (os ingleses também agradecem assim) e o veículo ultrapassado responde com um lampejar de faróis. Chegamos até a pensar que seria uma boa idéia ter um interruptor do pisca-alerta no volante: quando se está na estrada acaba sendo de longe o comando mais usado.

Essa é a diferença significativa em relação ao Brasil. As similaridades são muitas: muitos andam acima do limite de velocidade, ultrapassam em faixa contínua totalmente sem visibilidade, costuram e ultrapassam pela esquerda (é isso mesmo, pela esquerda: lembrem-se que estamos em países de mão de direção inglesa - boa parte ou até toda a África é assim). Enfim, fácil de se sentir em casa!

Chegamos a Mossel Bay no meio da tarde, e descobrimos que teríamos mais uma noite salva pelo edredom: o quarto não tinha nenhuma forma de aquecimento e com o vento e chuva a temperatura estava bem baixa. Nada que já não tivéssemos passado em São Paulo, mas esperávamos mais recursos de calefação por aqui.

E depois de todos os vôos e andanças de carro, 'voltamos para casa' de forma inesperada: a parte da cidade onde fica a pousada chama-se Santos!!! Coincidência muito interessante!  Há inclusive a praia de Santos (Santos Beach).

Seguimos a indicação da proprietária da pousada, e comemos muito bem num restaurante à beira-mar, apreciando o movimento de uns 4-5 surfistas malucos que insistiam em ficar na água naquele tempo e sem sequer ter ondas que merecessem o sacrifício.

E enquanto comíamos fomos agraciados por um verdadeiro desfile de golfinhos. Ficamos nos perguntando se eram muitos ou se era um grupo que ficava dando voltas em frente ao restaurante, pois foram bem uns quinze minutos de golfinhos passando e pulando bem na nossa frente.

E mais uma vez não conseguimos tirar uma foto realmente boa: os animais não estão tão perto assim, e é necessário fazer uma aproximação (zoom) forte para mostrar algum detalhe. A isso se soma a dificuldade de achá-los na lente à vulnerabilidade da imagem a qualquer movimento da câmera. O resultado é que acabamos tendo que nos dar por satisfeitos de ter fotografado algumas nadadeiras dorsais...

Nem tentamos localizar o museu, pois ao sair do restaurante faltava pouco para escurecer. Fizemos as compras de supermercado que precisávamos e fomos para a pousada nos esconder da chuva.


28
/0
6
/201
6
-
Terça-feira
:
Mossel Bay - Port Elizabeth

Após o café da  manhã fechamos a conta na pousada e fomos a pé até o banco - precisávamos novamente trocar dinheiro. Aqui não havia filas, mas em compensação havia uma burocracia interna que não entendemos muito bem, mas que significava esperar algum tempo (indeterminado) para poder fazer o câmbio. Como queríamos mesmo visitar o museu, deixamos as informações necessárias com a caixa e fomos explorar o museu.

Na realidade é um pequeno parque com vista para a praia de Santos, onde foi construída a primeira capela portuguesa no sul da África. Há um jardim com amostras da flora local, um museu de conchas e o museu Dias propriamente dito. Esse museu gira em torno da réplica do navio de Bartolomeu Dias que foi construída em Portugal sob a coordenação de Emilio de Sousa, um sul-africano de origem portuguesa.

Ele partiu de Portugal em dezembro de 1987, e chegou a Mossel Bay no dia 03 de fevereiro de 1988, exatamente 500 anos após a chegada do explorador original. O barco em si é uma réplica, mas foi equipado com diversos confortos e recursos tecnológicos contemporâneos que tornaram a navegação mais confortável e eficiente.

É interessante encontrar um museu e tanta informação sobre os navegadores portugueses num país que, apesar de influenciado pelas descobertas desses navegadores, não tem uma relação realmente direta com Portugal e sua história. Quer dizer, não é tão simples assim: a população de origem portuguesa é a maior depois dos africanos nativos, descendentes de ingleses e de holandeses.

Voltamos ao banco, trocamos o dinheiro (a burocracia havia sido cumprida enquanto estávamos no museu) e partimos para a jornada do dia. Percorremos aproximadamente 380 km. de uma estrada muito boa correndo ao longo do que é chamado de Garden Route. É uma sucessão de praias muito bonitas e de áreas em torno de lagos com diversos recursos para lazer. A parte mais bonita é de Mossel Bay até Plettenberg Bay, onde almoçamos à beira da praia - mas na parte interna do restaurante, porque lá fora soprava um ventinho bem frio!

Por receio de tempo pior (chuva é provável nessa região no inverno) não planejamos mais tempo ao longo da Garden Route e decidimos ficar mais tempo em Durban. Foi uma pena, pois o tempo estava muito bom e teria sido muito agradável ficar um dia a mais por aqui. E por causa dessa decisão até levamos uma bronca da proprietária da pousada em Mossel Bay: "o que vocês vão fazer em Durban? É inaceitável trocar a Garden Route por Durban!".

Com a saída tardia de Mossel Bay e o ritmo lento da viagem para ver um pouco da Garden Route chegamos já à noite em Port Elizabeth, onde praticamente só ficamos para dormir e voar no dia seguinte para Durban. A opção pelo vôo foi provocada por sugestão do pessoal do tour de moto: são aproximadamente 900 km. muito lentos em função da quantidade de veículos, pedestres e animais ao longo da pista. Não queríamos acabar gastando dois dias na estrada só para chegar a Durban, e optamos pelo deslocamento aéreo.

Antes de ir para o aeroporto ainda demos uma rodada por Port Elizabeth, só para ter uma idéia de como é a cidade e concluímos que também é um lugar muito agradável, com praias bonitas e uma infra-estrutura turística muito boa. A cada parada aprendemos a gostar mais desse lado da África do Sul.


Página anterior
Diários de Bordo
Página anterior