Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  Américas 2011: Colômbia / Bolivar

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A caminho da fortaleza passamos por uma portinha onde havia uma figura comum na Colômbia: um consertador de roupas. E aí lembramos também de uma característica do povo colombiano que é reconhecida por muita gente: já em Merida o dono da pousada de lá comentou que na Venezuela todos os profissionais que consertavam algo (fosse o que fosse) são colombianos, e que eles são capazes de consertar qualquer coisa.

Em Santa Marta encontramos um casal brasileiro num supermercado, e quando comentamos que nossa câmera havia quebrado ele respondeu de bate-pronto: sem problema, aqui se conserta isso! Puxa, pena que ela já não estava mais conosco, talvez tivéssemos resolvido esse problema.
Quase ao mesmo tempo chegaram o Fritz the Cat e os três canadenses que completariam a carga de cinco motos daquela viagem. O embarque foi relativamente fácil, mas um tanto confuso, porque malas foram desmontadas e junto com capacetes, jaquetas e afins jogados nas redes dianteiras do catamarã. Depois das motos carregadas, sem amarrá-las, o barco voltou para seu ponto original de ancoragem, para só lá iniciar o procedimento de fixação das motos e da bagagem.

Bagagem: separamos o importante para aqueles quatro dias a bordo e o restante foi armazenado em porões nos cascos do barco.
12/05/2011 - Quinta-feira: Cartagena

O dia começou com o já tradicional e monótono desajuno americano, e em seguida saímos para encontrar o barco que nos levaria para o Panamá. Bem, o barco nós vimos, ancorado no meio da enseada, bem longe de nós.

E o tal Fritz, a quem deveríamos entregar nossos passaportes e o dinheiro da passagem?
Perguntamos na portaria do Clube Náutico e nos disseram que sim, o barco era o que havíamos visto, e deveríamos telefonar para o Fritz para fazer contato. Eles tinham o telefone? "Não, mas a 'locadora de celular' logo ali na esquina tem". E tinha mesmo: dissemos a ela o que queríamos e um minuto depois eu estava falando com o Roland, capitão que atualmente conduz o barco - custou CoP 300 (R$ 0,30), uma forma rápida e relativamente barata de resolver o problema.

Roland pediu que esperássemos um pouco ali na esquina, e pouco depois ele apareceu numa moto. Pegou os passaportes e o dinheiro e disse que estivéssemos às 11h00 de domingo no pier perto dali.
Mas como? Ele ficaria com os passaportes até domingo? E como ficamos nós com a onipresente polícia colombiana? "Vocês têm cópia não têm? Então, isso basta, além disso a polícia raramente incomoda turistas estrangeiros.". Bem, nos separamos dos passaportes e de US$ 1.700,00 sem recibo nem nada. Sensação muito estranha, mas é assim que esse pessoal opera.

O resto do dia foi gasto perambulando pela cidade velha. Cartagena não é uma cidade que possa ser descrita, ela tem que ser vista. Colocamos no álbum de fotos as imagens das principais construções e praças da cidade velha, numa tentativa de mostrar um pouco dessa beleza. Para quem quiser ver um pouco mais da arquitetura colonial espanhola, montamos algumas páginas em separado, onde simplesmente colocamos um monte de fotos das fachadas que fomos fotografando ao longo desse passeio - para ver essas páginas clique aqui.
Um destaque vai para a comida e os restaurantes da cidade velha: não são baratos, mas muitos oferecem uma localização privilegiada e uma cozinha de muito boa qualidade. Vale a pena gastar um pouco mais para comer por ali. E à tarde curtimos algo que até agora só havíamos feito na Europa: sentar a uma mesa numa praça e tomar um café no fim da tarde. Só faltou o pedaço de bolo que gostamos de comer acompanhando esse café - o que eles tinham lá não era grande coisa, mas é uma questão de cultura: aqui não se curte isso da mesma maneira.
13/05/2011 - Sexta-feira: Cartagena

Nesse dia fizemos um programa um pouco diferente: a aproximadamente cinquenta quilômetros de Cartagena, voltando para Barranquilla, há algo chamado Volcán El Totumo. É isso que se vê nas placas de estrada e nos guias turísticos, mas não é realmente um vulcão: é uma erupção de lodo (pretensamente medicinal) que ao invés de simplesmente escorrer para os lados foi se acumulando (ou foi acumulado, sabe-se lá...) até formar um monte na forma de vulcão, de uns 20-25 metros de altura.
O programa consiste em subir esse vulcão e tomar um banho de lama, acompanhado de massagem aplicada pelos nativos que moram em torno e exploram o turismo no 'vulcão'.

Terminado o 'banho' descemos do vulcão e fomos tomar um banho ou melhor, ser lavados pelas nativas na lagoa que fica ao lado do vulcão. A gente pensa que a ajuda delas é supérflua, mas logo percebe que não é, não: a tal lama gruda de tal maneira no corpo, que sem ajuda é muito dificil removê-la.
Para se ter uma idéia dessa dificuldade, quando chegamos ao hotel tomamos um bom banho, a Beth examinou minhas orelhas e afirmou estarem limpas. Ao me secar a toalha de banho ficou com uma mancha cinzenta típica da cor da tal lama. Peguei cotonetes para limpar as orelhas melhor e vejam o resultado! Difícil ficar completamente limpo depois desse tratamento.

Fizemos esse passeio num pacote de excursão, que nos proporcionou uma visão diferente de Cartagena: fomos os primeiros passageiros coletados pela van, e os demais estavam hospedados em hotéis de Boca Grande, uma região fora da cidade velha. Aí de repente, a menos de um quilômetro de distância, nos vemos transportados da Espanha colonial para uma Punta del Este: hotéis de alto nível, uma avenida lotada de lojas de grife e carrões caros e casas grandes e bonitas. Interessantíssimo esse contraste muito forte.
Na volta do vulcão paramos para almoçar na praia de Manzanillo, deliciosa pelo mar calmo e pelas barracas onde se pode bebericar, almoçar e até mesmo tirar uma soneca nas redes que eles estendem.

No fim da tarde saímos novamente para passear um pouco mais pela cidade velha, e dessa vez achamos um café que oferecia as tortas que estávamos procurando - foi o complemento do almoço comido em Manzanillo.

14/05/2011 - Sábado: Cartagena

Faltava visitar outra parte do sistema de fortificações de Cartagena, desta vez fora da cidade velha: a fortaleza de San Felipe de Barajas.
San Felipe de Barajas é outra obra impressionante para completar o conjunto superlativo de Cartagena. Uma fortaleza enorme, que parece inexpugnável e indestrutível. Uma característica interessante é um conjunto de túneis que permitiam aos soldados se deslocar por dentro da fortaleza e inclusive sair dela para a cidade. Além da engenhosidade das galerias, elas foram construídas de uma forma que propaga sons a grande distância: isso seria uma forma de perceber inimigos quando ainda estivessem longe.

Quando voltamos ao hotel é que percebemos que o passeio, com sol forte, havia sido mais cansativo que imaginávamos. Acabamos ficando no hotel e só saindo à noite para jantar. E como de vez em quando consideramos ter direito a fugir um pouco do roteiro econômico que nos impusemos, comemos uma monstruosa lagosta - ela era tão grande que deu facilmente para os dois.


15/05/2011 - Domingo: Cartagena

Bom, chegou o dia de partir para o Panamá. Já estava tudo mais ou menos pronto, de modo que deu para confortavelmente tomar nosso café da mañhã, terminar de fechar as malas e aprontar a moto. E lá fomos nós para o local indicado pelo Roland. Chegamos lá e havia três pessoas em pé no pier. Indecisos sobre o que fazer com a moto, ficamos parados ali e uma mulher veio falar conosco. Deve ser a mulher/namorada/sei lá o que do Fritz, e nos informou que o embarque das motos não seria ali mas sim em Boca Grande - parece que a maré estava mais alta ou mais baixa e o alinhamento do barco com aquele pier seria complicado.

Ainda tínhamos nosso mapa de Cartagena e passamos por Boca Grande quando fomos ao vulcão, então não foi difícil chegar ao pedaço de costa em questão. Ali havia dois piers, e optamos por um deles quando vimos uma moto parada nele - realmente, era o Rossy, um garotão (23 anos) australiano que também viajaria conosco. Começamos a conversar, matando o tempo porque o barco ainda não estava lá.
As motos foram devidamente amarradas, duas de cada lado e uma à frente. A continuação dessa parte da viagem vai para a próxima página - afinal são quatro dias no total.
Diários de Bordo