Beth & Heinz Klein

(Moto)viagens

Diário de bordo -  Américas 2011: Canadá

Alberta

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14/08/2011 - Domingo: Grande Prairie - Jasper

Antes de iniciarmos viagem passamos no Grand Prairie Museum Heritage. Não cansamos de admirar esse aspecto da preservação da história das comunidades aqui e nos EUA: uma cidade com pouco mais de 50 mil habitantes tem um museu daquele tipo. Mostra a história da cidade, como se desenvolveu a economia, e tem um museu a céu aberto com algumas casas originais (início do século XX), móveis, objetos, veículos... Parece que você está voltando no tempo.

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Uma das casas que chamou a atenção foi a 'geladeira': uma casa de madeira com paredes de uns trinta centímetros de espessura, preenchidas com serragem a título de isolante térmico. O pessoal serrava - isso mesmo, com aquelas serras de cortar árvores, onde de cada lado fica uma pessoa - blocos de gelo cúbicos de uns 50-60 cm de lado e os colocava lá dentro para preservar os alimentos.

Eis uma solução que não poderia existir nos trópicos: falta a 'matéria prima' essencial, os blocos de gelo! Chega a ser irônico que fosse mais fácil preservar os alimentos onde isso era menos necessário.


Em seguida partimos para Jasper, no meio das Montanhas Rochosas canadenses. Saímos curtindo o tempo quente e seco, deixando a roupa de chuva guardada. Lógico que a festa durou pouco. Paramos para vestir a roupa de chuva como proteção contra o frio, mas menos de meia hora depois ela foi necessária para nos proteger da chuva. E aqui ganhamos a companhia dos caminhões, que andam junto ou mais depressa que a gente. Nós e a moto ficamos imundos com a água suja que eles espirravam.

Logo que começamos a viagem ficamos curiosos com a infinidade de placas que há em cada estrada lateral - a maioria de terra - que parte da principal. Quando paramos para vestir a roupa de chuva vimos que pelo menos ali todas elas eram propaganda/oferta de serviços na área de prospecção mineral e de petróleo. Depois ficamos sabendo que essa é uma atividade em que a província de Alberta é muito rica.

No caminho passamos por uma grande mina de carvão, que é usado lá mesmo numa usina termoelétrica e também para exportação. É impressionante, no meio daquele verde todo, ver aquela imensa área negra, com máquinas enormes, esteiras que passam por cima ou por baixo da estrada e fumaça. Nossa geração de energia hidroelétrica pode trazer problemas ambientais com a inundação do lago, mas não parece tão agressiva quanto a dessas usinas aqui.

O acesso ao Parque Nacional Jasper é cobrado (C$ 9,80 por dia, por pessoa) - pagamos por dois dias ao entrar no parque.

Mais uma vez vimos diversos animais: quatro gazelas, novamente uma mãe alce e seu filhote, mas o ponto alto certamente foi, quase chegando a Jasper, um enorme caribu, a uns cinco metros do acostamento, pastando tranquilamente. Ele causou um belo congestionamento no acostamento, com o pessoal querendo fotografá-lo. Teve motorista que nem se deu ao trabalho de descer do carro, parava para tirar foto do meio da estrada, outros circulavam bem devagar sem olhar para frente. Foi uma sensação! Ficamos até em dúvida se não era um animal domesticado que colocavam ali para animar os turistas, pois ele não tomava o menor conhecimento do agito que estava causando.

Jasper, é uma pequena localidade num grande parque nacional, com menos de 5 mil habitantes. A região é muito procurada para esportes de inverno, mas Jasper tem sua alta estação no verão, pois há muitos locais para se fazer caminhadas, cavalgadas ou passeios de bicicleta, e outras atividades ligadas aos rios e lagos que não acabam: pesca, passeios em canoas e caiaques, rafting. Só de pensar em entrar num rio e ficar molhados já começamos a tremer...


No jantar, em que comemos (pelo menos foi o que o cardápio disse) carne de bisão, usamos pela segunda vez em três dias uma faca brasileira para cortar a carne. E dessa vez a câmera estava conosco e pudemos documentar o fato. O Brasil continua grande exportador de matéria prima, mas de vez em quando também exporta produtos acabados.


15/08/2011 - Segunda-feira: Jasper
Começamos o dia com um poderoso café da manhã, marcado por uma característica interessante em relação aos preços (não só aqui, é assim na maioria dos lugares - aqui foi mais marcante porque o prato era oferta): pagamos Can$ 6,95 por dois ovos, bacon, batata, duas fatias de pão de forma de centeio torrado, geléia e mel. E mais Can$ 11,25 por um suco de laranja natural e um café com leite - tudo bem, um latte e não o simples café americano, mas mesmo assim, é uma diferença estranha.

Falando em preços e compras, outra coisa chata da província de Alberta é que para toda embalagem de plástico (particularmente bebidas) que se compra num supermercado paga-se uma depósito que se recupera devolvendo a embalagem para reciclagem. Só que essa devolução não é no supermercado: em Jasper (e depois descobrimos que em Banff também) só há um local para se fazer essa devolução. E não é um lugar central, normalmente é no distrito industrial. No fim você acaba deixando pra lá...

Demos um giro no centro da cidade, muito bonitinho e arrumadinho. Certos ângulos lembram muito Campos do Jordão ou Gramado. Encontramos uns mineiros de Poços de Caldas, agitadíssimos (mineiro agitado?) para ver o máximo possível pois só estavam de passagem - dormiriam em outra cidade.

Em seguida pegamos a moto para visitar alguns dos pontos turísticos mais afastados. Pensamos em subir o teleférico do Monte Whistler, que é o mais longo e mais alto do Canadá.


Chegamos a ir lá, mas uma densa nuvem estava se formando e ventava muito. Ficamos observando a gondola começar a subir, parar e ficar balançando ao vento por um tempinho, e voltar para a estação. Concluímos que não era hora de nos metermos dentro dela e fomos adiante. Horas mais tarde o tempo abriu, mas aí já estávamos mais longe.

Fomos então, visitar alguns rios e lagos dos muitos que existem por aqui. Um que merece destaque é o lago Annette, muito lindo, águas claras esverdeadas e azuis. Há um caminho de uns 2 km. que rodeia o lago todo, mas um dos lados estava bloqueado: um casal de águias fez um ninho e estava com o filhote recém nascido. Como essas aves são muito sensíveis à presença humana, a área em torno do ninho foi isolada para reduzir os riscos ao desenvolvimento do filhote. Muito legal!!!

E ali mesmo, entre o lago Annette e o lago Edith (pertinho um do outro) avistamos um rebanho de caribus.

E nossa impressão de que eles são criados aqui no Parque Nacional de Jasper se tornou quase certeza: um deles tinha uma espécie de coleira e um sino pendurado no pescoço.
Outro lugar impressionante que visitamos é o Maligne Canyon. As águas do Rio Maligne correm entre rochas que, pelo que lemos, antigamente deveriam ser cavernosas, mas as geleiras arrancaram o teto dessas cavernas, formando o canyon. Há uma trilha a ser seguida passando por seis pontes que atravessam o canyon.


16/08/2011 - Terça-feira: Jasper - Banff

Saímos preparados para uma viagem lenta, devido à quantidade de coisas para ver e apreciar ao longo do caminho. E havia mesmo: levamos oito horas para percorrer 300 quilômetros!


Pouco depois de sair de Jasper 'trocamos de parque' e tivemos que pagar por isso: havia um portal e a funcionária perguntou para onde íamos e disse que teríamos que pagar novamente mais C$ 9,80 por pessoa por dia, pois agora estávamos entrando no Parque Nacional de Banff. A administração dos Parques fatura um bom dinheirinho com os turistas.

Por uns 100 km. o companheiro constante é o rio Athabasca, que corre ao longo da estrada. A primeira parada foi na queda d'água que ele forma, muito bonita em si e também pela garganta formado na sua saída.

Ao longo da estrada há tantos mirantes que nem paramos em muitos. Mas aqueles em que resolvemos parar ofereciam vistas maravilhosas - chegamos a nos questionar se não deveríamos ter parado mais vezes, mas se fizéssemos isso não teríamos chegado com luz do dia em Banff. Aliás, às vezes nem é preciso parar: a beira da estrada já é um jardim lindo! Imaginem que vimos, numa das paradas lá no Yukon, um livro específico para descrever as flores de beira de estrada (Roadside Wildflowers Guide)!



Em toda essa região, quem estiver interessado em ver animais precisa ficar atento para algum carro parado às margens da rodovia: vá devagar, pois alguém avistou um animal. Muitas vezes ele já se embrenhou na mata, mas ficamos procurando, pensamos ver alguma coisa, mas normalmente é só vontade de ver algo.

De Jasper a Lake Louise essa rodovia é chamada Caminho do Parque das Geleiras (Icefield Parkway), pois há mais de 100 geleiras do lado direito, algumas muito grandes. Ficamos imaginando como deve ser linda essa região no inverno, pois conforme vimos em algumas fotos, fica tudo branquinho, coberto de neve. A geleira Columbia é uma das maiores e há um passeio no qual se pode ir num ônibus especial, que passeia pelo gelo. Pensamos em ir, mas além do frio e da distância que tínhamos que andar, deu pena de pensar que estaríamos colaborando para danificar e sujar a geleira.

Também paramos em lagos: Lago Peyto, alimentado pela geleira do mesmo nome, pode ser visto de um mirante ao qual se chega por uma trilha no meio da floresta. No inverno ela fica coberta de neve, em compensação no verão ela fica cheia de flores e de vegetação rasteira entre os pinheiros. A vista do lago é de arrepiar: um lago com águas bem verdes e acima dele a geleira, imaculadamente branca.

Depois fomos até o lago Louise. O lago em si é muito bonito, mas construíram dois hotéis enormes à beira dele, um deles com uns oito andares de altura, que estragaram a paisagem.

É possível ir ao outro lado do lago por uma trilha ou remando barquinho próprio ou alugado. E para dar um toque diferente a essa parte da viagem havia uma mulher à beira do lago, fazendo algum tipo de ritual religioso... não entendemos direito o que ela fazia, mas seu volume de voz atraía à atenção. Cada uma que aparece!

Ah, e na estrada de Lake Louise para Banff vimos uma novidade que está sendo implantada ali: foi construída uma cerca de arame relativamente alta (deve ter quase dois metros de altura) ao longo de toda a estrada para evitar que os animais entrem na estrada, criando riscos para eles e para os motoristas.

Entretanto, não é correto isolar os animais de um lado da estrada. Solução: 'viadutos de animais'!
Isso mesmo, no trecho Lake Louise - Banff (56 km.) há sete dessas passagens, duas já prontas e as demais em final de construção.

São viadutos normais, mas cobertos de terra, vegetação e até árvores, e com cercas para direcionar o animal. E como sempre há dados estatísticos: os alces rapidamente usam essas passagens, já os ursos e os caribus demoram até cinco anos para aprender a utilizá-las.

E também sabe-se em que período do dia cada um desses animais mais utiliza essas passagens, pois há câmeras de monitoração.
Nesse trecho da viagem também fotografamos uma lixeira à prova de ursos: para abrir a tampa é necessário enfiar a mão sob a guarda e empurrar um trinco que há ali dentro. A 'mão' do urso não cabe ali! O preocupante é ver essas mesmas lixeiras nas cidades...


17/08/2011 - Quarta-feira: Banff

Hoje abusamos: acordamos às 10h30! Eita vida de aposentados folgados... ficamos resolvendo algumas pendências e fomos dar um giro pela cidade, já às 14h.

Mas você acha que se consegue só fazer isso nesses cidades? Impossível! Acabamos voltando às 20h: primeiro simplesmente perambulamos pelas ruas apinhadas de pessoas - chama a atenção o número de orientais, não só turistas mas também muitos residentes na cidade. Em nosso hotel um restaurante é de comida japonesa e só havia japoneses trabalhando. Além disso, quando fomos comer, eram 21 orientais e só nós de ocidentais como clientes.

Uma coisa que nos deixa estupefatos nesses passeios, é a gente caminhar em locais cheios de turistas sem escutar zoeira: as pessoas andam, conversam entre si e você consegue ainda escutar o som da natureza. Tão tranquilo e repousante!

Banff é uma cidade muito eclética, oferecendo esportes de inverno, mas também fontes termais e intermináveis quilômetros de trilhas. Com isso ela atrai turistas de várias idades, vários pontos do mundo e durante o ano todo.


A cidade é atravessada pelo rio Bow, e quando atravessamos esse rio demos com o Cascade Gardens. É um patrimônio da cidade e a casa, que é usada administrativamente, foi construída com as pedras do rio. Mas o que atrai mesmo são os jardins no terreno em volta: um paisagismo lindo, coloridíssimo e um lugar agradabilíssimo. Depois de passear pelo jardins, sentamos num banco e ficamos apreciando as montanhas que cercam essa cidade. Uma visão linda! Completada com o canto de pássaros e esquilos pulando de lá para cá.

O dia estava lindo, com sol, algumas nuvens e temperatura amena. Que mais precisávamos? De nossos filhos perto de nós para completar o quadro.


Ao voltar para o hotel, vimos no meio da rua, a uns 200 metros, dois animais atravessando a rua. Ainda pensamos, quem deixou esses cães soltos? Que nada: eram a mamãe corça com o filhote, ainda bem novinho, pois tinha aquela pelagem típica de animaizinhos novinhos e várias pintas brancas. Atravessaram a rua (pista dupla mais ciclovia) calmamente, os carros parando para deixá-los passar, e foram comer dos arbustos dos jardins das casas. Nem se abalaram com o povo indo atrás para achar o melhor ângulo fotografar. Uma senhora que ia saindo de um prédio em diração a seu carro, ao vê-los parou e esperou calmamente que eles se afastassem um pouco de seu caminho, para não incomodá-los. Não cansamos de admirar esse relacionamento pacífico entre humanos e animais.

18/08/2011 - Quinta-feira: Banff

Hoje fomos fazer passeios que exigiram a moto. Dia bonito, com sol, temperatura 12ºC. Saímos com roupa leve e o ventinho frio bem no limite do conforto!

Passamos por uma hidroelétrica que usa as águas do Rio Bowl, que só deve produzir energia para a própria cidade. Não é a primeira vez que vemos soluções de geração de energia em pequena escala.

Fizemos um 'circuito de lagos', e foi interessante porque em cada um algo chamava a atenção: no Johnson um homem entrou nas águas para nadar (imaginem uma água com temperatura certamente abaixo de 10ºC), no Two Jack duas moças saíram de caiaque (mesmo comentário, mas elas pelo menos tinham uma chance de ficar secas) e chegamos ao Lago Minnewanka, que é o maior da região e o único onde é permitido a navegação: há até barcos que fazem tour em suas águas. Interessante que nesse lago pode-se fazer mergulho, e a atração é uma cidade submersa.

Ali também aprendemos que os ursos comem 200.000 frutinhas silvestres por dia, o que equivale a comer 60 hamburgues diários - é um bocado, mas se a gente pensa que eles ficarão meses sem comer, faz sentido. O curioso é pensar num animal desses, que sempre vemos como feroz e perigoso, comendo frutinhas!

Ainda fomos ver a cachoeira do Rio Bow e no caminho encontramos um lobo pequeno atravessando a rua e, mais adiante, outro veado pastando tranquilamente no quintal de uma casa - parecem animais domesticados!


Continuando fomos ao teleférico: oito minutos subindo entre os pinheiros e de lá de cima uma vista maravilhosa da cidade, das montanhas, dos rios, dos lagos. Vale a pena essa subida.


19/08/2011 - Sexta-feira: Banff - Calgary

Acordamos e levamos um susto: -1ºC. Uau! Céu limpo e azul profundo. Mas até sairmos a temperatura estava em 11ºC.


A estrada começou com as Montanhas Rochosas nos acompanhando até um pouco além do fim do Parque Nacional de Banff. Depois começou uma área de campos, com plantações, principalmente de feno, e pecuária.

Passamos por um trem levando containers. Ele estava parado, e deu para medir seu comprimento no odômetro da moto: uns 2 km.! Fizemos as contas: um container de 40 pés (o mais usual) mede 14m de comprimento e o vagão uns 15-16 m. Logo, esse trem tinha uns 125 vagões. Cada um levando dois containers (eles levam um em cima do outro) evita 250 caminhões rodando pelas estradas. Eis uma das razões para o tráfego leve e tranquilo.

A viagem foi tranquila, pista dupla, 123 km de distância, atmosfera limpa, céu claro, muito movimento no sentido contrário. É final de semana, mas ficamos cismados: eram 11h00! Esse pessoal pode sair tão cedo na sexta-feira?

Na chegada a Calgary se avista as instalações do Parque Olímpico (Olimpíadas de Inverno de 1988). É uma cidade muito grande, com uma população de pouco mais de 1 milhão de pessoas. Ficamos meio assustados com o trânsito e o congestionamento depois de um mês só em cidades muito menores.

A parada nessa cidade tinha um objetivo específico: fazer a revisão de 70.000 quilômetros da moto. A autorizada BMW é muito estranha: eles são revenda/oficina autorizada de BMW, Kawasaki, KTM, Piaggio, Triumph, Suzuki, Yamaha e não lembramos mais quais. Incrível, os caras vendem e suportam quase tudo que circula em duas rodas! Aproveitei para comprar botas novas, pois as que saíram do Brasil estavam totalmente acabadas.

Essa loja multi-marcas também nos permitiu entender algo que não estava claro até agora: certamente a maioria absoluta de motos custom aqui é Harley, mas existem inúmeros modelos das japonesas que, na estrada, parecem Harleys - carenagens frontais parecidas e malas também semelhantes. Começamos a achar que um bom número da motos grandes que vimos não eram Harleys.

A revisão foi normal, mas nos deram uma notícia estranha: os discos dos freios estariam com medidas (espessura) abaixo da especificação. Uai, 70.000 km dos quais 30.000 quase sem usá-los? Eles não tinham os discos e provavelmente não teríamos trocado mesmo assim. Vamos ver o que dizem na revisão dos 80.000.

Fomos dar um giro num shopping perto do hotel para comermos alguma coisa e voltamos às 21h00 só vestidos com a camiseta, a camisa segunda pele, jeans e tenis. Que delícia de tempo!


20/08/2011 - Sábado: Calgary

Hoje fomos conhecer alguma coisa na cidade. Fomos ao centro da cidade, um paliteiro de altos prédios, como qualquer cidade grande. Logo depois de sair do hotel um cenário que mostra como cidade grande é igual em qualquer lugar: havia um gargalo na avenida provocado por uma obra e formou-se um belo congestionamento. Não demorou muito e o pessoal (e nós) começou a fazer retorno na contra-mão ou por cima do canteiro central. Já viram isso em algum lugar?

O trânsito é mais nervoso e barulhento, a ponto do barulho do escapamento das Harleys e de alguns carros se tornar mais irritante. Aliás, com todas a regras que existem por aqui, não entendemos como essas motos podem ser tão barulhentas! Mas o respeito pelo pedestre continua: enquanto não estivermos com os dois pés na calçada, depois de atravessarmos uma rua, o motorista não avança o carro. Estamos ficando cansados dessa gente que insiste em cumprir a lei.

Visitamos uma casa antiga que hoje está transformada em museu da cidade: Lougheed. Ela tem um pequeno jardim (em comparação com outros que visitamos), mas ele acabou tendo um sabor especial: começamos a conversar (ou melhor, fomos abordados) com uma senhora que cuidava do jardim, e ficamos encantados com o amor dela pelo trabalho. E ela nos mostrou um pedacinho muito especial desse jardim: essa parte foi idealizada por um grupo de alunos de quinta série, que primeiro tiveram aulas de artes, matemática e depois desenharam o canteiro. Mais um exemplo da combinação de educação com brincadeira.

De lá fomos para o Calgary Olympic Park. A idéia era dar uma olhada nas instalações, mas o que nos esperava era um encontro de carros antigos da Chrysler (basicamente Dodges e Plymouths).

O parque foi construído originalmente para a realização de algumas modalidades da Olimpíada de 1988: bobsleigh, luge, salto em esqui, combinado nórdico e esqui estilo livre. E é interessante que ele é usado tanto no inverno como no verão: a população vive cada estação do ano aproveitando tudo a que tem direito.


Muito razoável: já que se construiu esse parque com várias instalações para esportes de inverno, porque não usá-lo também no verão?

O teleférico que durante o inverno leva as pessoas e seus esquis, no verão leva as bicicletas e seu dono, um em cada cadeirinha, para que desçam a montanha no estilo cross ou pelas pistas de caminhadas; o bobsleigh é substituído por um carrinho semelhante com rodinhas e três pessoas descem no carrinho pela pista, a uns 80km/h. Há tirolesa, parede para escalada, atividades para crianças e outras coisas.

Pode-se até fazer cerimônia de casamento por lá, como pudemos testemunhar: um casamento no meio da ferradura da pista do bobsleigh. Não é um lugar particularmente bonito, e ficamos especulando se um dos noivos é praticante do esporte para querer casar ali.

Ainda queríamos visitar o Museu do Forte Calgary, mas estava acontecendo um show em parte da área, e o estacionamento era limitado. Além disso a entrada era bem salgadinha - desistimos e fomos almoçar.

Encontramos uma churrascaria brasileira, mas ela só oferecia rodízio a C$35,00 por cabeça: não estamos mais comendo tanto para compensar gastar isso. Preferimos comer lagosta e camarões no Red Lobster pela metade do preço - chato, né?

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